Um poeta e um poema por dia - XI
Hoje, Natália CorreiaDe Amor nada Mais Resta que um OutubroDe amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem. Natália Correia, in “Poesia Completa”
Olá, António!
ResponderEliminartenho de felicitá-lo pelo extremo bom-gosto na escolha dos poemas que nos tem apresentado.
Natália Correia, sempre desassombrada...uma força da natureza...quase impúdica na sua maneira de ser, estar e se manifestar!
Adorei este soneto. Obrigada!
Boa noite, um abraço!
Janita
Bondade sua, Janita, que agradeço. A Natália era aquela lady que se estava borrifando para o que pensassem ou dissessem dela... Sempre desassombrado. Vem-me sempre à memoria o poema que dedicou ao deputado João Morgado na AR no dia 3.4.1982 já lá vão quase 34 anos... Aproveito e deixo-o aqui:
ResponderEliminar" Truca-Truca
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado."
Tenha um bom dia e que a semana seja ainda melhor.
Um beijo e um abraço,
António
Olá, António, boa noite!
ResponderEliminarEsse "Truca-Truca" da Natália Correia, já o conhecia, mas li-o pela primeira vez aqui na blogosfera, através de um blogger cá do Bairro, que a conheceu pessoalmente e privou com ela em grandes tertúlias literárias no seu Bar, O Botequim.
Ela não tinha papas na língua e foi uma Mulher cheia de garra!:)
Um beijo e um abraço.
Janita.