Mais um dia, mais um poema. Carlos Drummond de Andrade...
Para SemprePor que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas'
Olá, António.
ResponderEliminarDrummond de Andrade era de uma versatilidade invulgar. Tanto escrevia poesia erótica como poemas que calavam fundo no nosso coração.
Adoro este poema e sempre me comovo quando o leio. Já o publiquei num Dia da Mãe, no meu blogue. É lindo e comovente.
Obrigada!
( desta vez não há engenho nem arte nem sequer ânimo para poetar, como pensei fazer, peço desculpa, mas nem sempre se podem cumprir promessas(?). )
Um abraço.
Janita
Olá Janita, lá não haver engenho nem arte, enfim. Agora, nem sequer ânimo, dá-me que pensar. Só posso daqui incentivá-la e dizer-lhe: p'rá frente grande MULHER. Desejo que essa falta seja passageira, muito passageira mesmo-
ResponderEliminarUm beijo e ium abraço,
António