sábado, 8 de março de 2014

Um poeta e um poema por dia - IV

Hoje, dia internacional da Mulher, um poema de David Mourão-Ferreira: 

"Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol, 
que é feito de ternura amarrotada, 
da frescura que vem depois do sol, 
quando depois do sol não vem mais nada... 

Olho a roupa no chão: que tempestade! 
Há restos de ternura pelo meio, 
como vultos perdidos na cidade 
onde uma tempestade sobreveio... 

Começas a vestir-te, lentamente, 
e é ternura também que vou vestindo, 
para enfrentar lá fora aquela gente 
que da nossa ternura anda sorrindo... 

Mas ninguém sonha a pressa com que nós 
a despimos assim que estamos sós! "

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"




2 comentários:

  1. Felicito-o pela escolha do poema, António!

    Já o conheço, mas é sempre um prazer relembrar esta 'Ternura' tão arrebatadora do David Mourão Ferreira.

    Pela parte que me toca, neste Dia, agradeço o mimo!

    Um beijinho.

    Janita

    PS. O carro passou na Inspecção!! :)

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  2. O David Mourão-Ferreira é um poeta que sempre admirei, talvez por, quando eu era um miúdo, ele ter sido meu Professor (excelente) de Português.
    Uma beijoca e uma boa noite-
    António

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