Um poeta e um poema por dia - VII
Hoje, Guerra Junqueiro
"MorenaNão negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.
Pois eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.
Eu não... mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que não.
Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!
Tu és a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
São mais preciosas.
Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas são todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
Só tu, linda flor.
E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
Não sei... mas seria
Morena também.
Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena! "
Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'
Olha a 'minha Morena' do meu post... 'Moreno Era Cristo'!!!! :))
ResponderEliminarAndamos em perfeita sintonia, António!
Ambos ajardinamos e ambos temos os mesmos gostos poéticos! Fico muito contente.
Sabe que o meu apelido é Moreno??:)
Beijinhos. Boa noite.
Janita
Janita,
ResponderEliminarNem sei que dizer. Na verdade, gosto muito de jardinar e de poesia: de maneiras diferentes, mas libertam-me e fazem-me esquecer coisas aborrecidas. Só tenho pena de não saber muito de jardinagem e de não ter 'veia' poética. Quanto ao Seu apelido direi apenas que é pouco vulgar...
Beijinhos,
António