“Men occasionally stumble over the truth, but most of them pick themselves up and hurry off as if nothing ever happened.” -Sir Winston Churchill
quarta-feira, 12 de março de 2014
Um poeta e um poema por dia - VII
Hoje, Herberto Helder
"Sobre um PoemaUm poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne."
Herberto Helder
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Um Poema que li e reli
ResponderEliminare nas entrelinhas entendi
uma forma de amar
enfurecida e viril
que o poeta fez sustentável.
Acordando o silêncio onde
antes havia; um suposto
adormecimento inalterável...
Boa noite, António! É o primeiro poema que leio deste autor, mas não fico por aqui.
Um beijo e um abraço.
Janita,
ResponderEliminarGostei muito do seu poema. Afinal, a inspiração voltou. Ainda bem.
Buona notte.
Un baccio e un abbraccio,
António