domingo, 4 de maio de 2014

Mãe... Mãe...
Saudade... Saudade...


"Mãe
(palavra tão querida)
É flor,
que se colhe na Vida "

domingo, 27 de abril de 2014

Descanse em Paz ...

A minha homenagem, bem singela, a um enorme nome da nossa Cultura, Vasco da Graça Moura...

"espaço interiorquando o poema 
são restos do naufrágio 
do espaço interior 
numa furtiva luz 
desesperada, 

resvalando até 
à superfície, 
lisa, firme, compacta, 
das coisas que todos 
os dias agarramos, 

quando 
o poema as envolve 
numa aura verbal 
e se incorpora nelas, 
ou são elas a impor-lhe 

a sua metafísica 
e o espaço exterior 
que povoam de 
temporalidades eriçadas, 
luzes cruas, sons ínfimos, poeiras. "


Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

sexta-feira, 18 de abril de 2014


Desejos de 

Adiós, Gabriel...
Requiescat in pace.

“Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.”


Gabriel García Marquez in “Memórias das Minhas Putas Tristes”

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Memórias de leituras...

Espero que gostem...

"A caminho daqui vi coisas maravilhosas para pintar, mas nunca soube pintar. Sei de coisas maravilhosas para escrever e nem sequer consigo escrever uma carta que não seja estúpida. Nunca quis ser pintora nem escritora até chegar a este país. Agora, é como estar-se sempre esfomeado e não haver maneira de o remediar."
....

"Chovera copiosamente e o tempo arrefecera. Encontravam-se na penumbra fresca e abrigada do quarto enorme do Palace, onde tinham tomado banho na água profunda da banheira e depois tinham retirado a tampa e a água escorrera com toda a força, molhando-os. Esfregaram-se mútuamente com os toalhões e depois foram para  a cama. Ali, corria uma brisa fresca que entrava por entre as frestas das persianas. Catherine estava apoiada nos cotovelos e tinha o queixo sobre as mãos."     

Ernest Hemingway in "O Jardim do Éden"

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pensamento...

“Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la. Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.”



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Para acabar com estas jornadas de poemas e poetas, deixo um poema de Trindade Coelho:


"PARÓDIA AOS LUSÍADAS

Os grandes paspalhões assinalados, 

Que nas reuniões da Academia 
Foram solenemente apepinados 
Por sua telha ou sua fidalguia, 
Que nas guerras das mocas esforçados 
Mais do que a força humana permitia 
No Teatro Académico asnearam 
Tolices de que todos se espantaram;

E também as façanhas gloriosas 

Dos Cabrais e Waldecks e quejandos, 
Que à noite, com as vozes mais fanhosas, 
andam o nível a pedir em bandos; 
E as diabólicas fúrias deliciosas 
De certos quintanistas memorandos, 
Cantando espalharei por toda a parte. 
Há-de-se rir o mundo até que farte.

Ó musa da ironia e da arruaça, 

Que tens excepcionais o gesto e o peito, 
Vira-te para mim e põe-te a jeito 
De inspirar um poema de chalaça; 
Quero um poema esplêndido, perfeito, 
Que vos celebre e que subir vos faça, 
Num pulo só, da glória à mor altura, 
Cavaleiros da mais triste figura!

Haviam sido há pouco apepinados 

Os meus heróis, que andavam murmurando 
Que na Trindade ou para aqueles lados 
Se estava contra eles conspirando, 
Quando uma noite andando endiabrados 
Pela Feira sobre isto conversando, 
Uma moca que os ares escurece 
Sobre as suas cabeças aparece.

Viu-se o Waldeck! Vinha carregado 

Com a moca que pôs a todos medo. 
"Ai rapazes!, bradou, venho estafado 
Qual se trouxesse às costas um rochedo! 
Deixai-me descansar só um bocado 
Para depois contar-vos um segredo." 
E diziam os outros: "Co'esta moca 
'Stamos seguros, pois ninguém nos toca."

Trindade Coelho "in illo tempore"