terça-feira, 18 de março de 2014


Um poeta e um poema por dia - XIII


Hoje, Pedro Homem de Mello

"Canção à AusentePara te amar ensaiei os meus lábios... 
Deixei de pronunciar palavras duras. 
Para te amar ensaiei os meus lábios! 

Para tocar-te ensaiei os meus dedos... 
Banhei-os na água límpida das fontes. 
Para tocar-te ensaiei os meus dedos! 

Para te ouvir ensaiei meus ouvidos! 
Pus-me a escutar as vozes do silêncio... 
Para te ouvir ensaiei meus ouvidos! 

E a vida foi passando, foi passando... 
E, à força de esperar a tua vinda, 
De cada braço fiz mudo cipreste. 

A vida foi passando, foi passando... 
E nunca mais vieste! "

Pedro Homem de Mello, in "Segredo"

1 comentário:

  1. Desde jovem que gosto de Pedro Homem de Mello! Ainda antes de Anália Rodrigues cantar os seus poemas.
    O pai do meu genro é natural de Afife, terra onde o Poeta viveu durante largos anos. Conta-se - à boca pequena - uma alegada história de amor entre ele e a avó do meu genro...mas isso não vem ao caso!
    O que vem ao caso é que eu gostava imenso de ver o programa da RTP nos anos 60, apresentado por ele. Se a memória não me falha abordava a temática do folclore minhoto e, claro, falava sobre poesia.

    Este poema tem um certo sabor à Serra D'Arga e às águas frias, mas límpidas, de uma nascente onde passei alguma tardes de Verão, com a minha gente.

    Mais um belíssimo poema, António.

    Um beijo.
    Janita

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